sábado, 12 de abril de 2014

Músicas

Eis uma postagem repetida... Pra quem não se lembra, ano passado postei sobre músicas de animes também, mas há uma grande diferença na quantidade de Animes que eu havia visto naquela época e hoje.

Então não vou me ater a descrições, até porque as músicas falam por si só...

Começando já com uma música forte, Ichiban no Takaramono de Angel Beats!


Dando sequência a esse momento lágrimas, o tema de abertura de Ano Hi Mita Hana no Namae o Bokutachi wa Mada Shiranai (ou simplesmente Ano Hana): Aoi Shiori.


Ainda falando de Animes que me fizeram chorar, eis uma das aberturas de Sakurasou no Pet na Kanojo.

Mas chega de lágrimas, não é? Falemos de Animes que me fizeram dar boas risadas! O primeiro da lista é Kitakubu Katsudou Kiroku.


Outro que me fez rir bastante foi Ore no Kanojo to Osananajimi ga Shuraba Sugiru.

Seguindo com as comédias, eis a abertura de Yahari Ore no Seishun Love Come wa Machigatteiru:


Mudando um pouco o foca das comédias, passemos agora as aberturas dos Ecchis... Começando por To Love-ru (inclusive, essa música passou a fazer parte da minha playlist)

Agora é a vez de Rosario+Vampire:


Bom, agora é a vez dos animes de maior sucesso dentre os recentes. Começando com Shingeki no Kyojin:

Agora Sword Art Online:


E High School D x D:

Pra terminar, vamos aos clássicos! Desses eu escolhi minha abertura favorita, obviamente... Começando por One Piece!


Agora InuYasha (em português, pois eu gosto da abertura em português...):

Sailor Moon (também é a versão brasileira):


E pra acabar, a primeira abertura de meu anime favorito: Fairy Tail!! 














terça-feira, 24 de setembro de 2013

Um Sorriso

Tudo começou com um sorriso. Mesmo agora, não sou capaz de esquecer aquele meigo e sincero sorriso que me levou à completa ruina. Embora arrasado, ainda acho graça quando penso no quão irônico isso é... Um gesto de carinho, um gesto de simpatia ou mesmo um gesto de falsidade. O sorrir tem várias faces, mas confesso que nunca imaginei que ele pudesse assumir uma tão cruel.
Estávamos no começo de Outubro. Era um dia quente como qualquer outro até então. Eu a vi pela primeira vez logo após sair pelo grande portão, recentemente pintado de preto, do colégio. Ela estava parada ao lado de um poste do outro lado da rua, no entanto ninguém além de mim mesmo pareceu notar a presença dela. Ela usava um leve vestido preto e sandálias simples da mesma cor. Seu cabelo, negro como o breu, estava preso formando um rabo de cavalo. A princípio não me importei, mas acabei notando que ela procurava alguém no meio daquela multidão de alunos. Decidi me aproximar e perguntar se ela queria alguma ajuda. Pra ser sincero, eu não tinha nenhuma segunda atenção, apenas senti que era isso que eu deveria fazer. No meio do caminho notei que ela usava um colar, mas não consegui distinguir a forma do pingente. Foi então que aconteceu pela primeira vez. Ao perceber que eu me aproximava, ela lançou-me um profundo olhar e, então, sorriu.
Naquela tarde eu fui ao hospital a fim de visitar um amigo que havia sido atropelado na saída do colégio. Soube que ele não resistiu e morreu antes de chegar ao hospital. Não que fossemos assim tão próximos, mas tudo aconteceu bem na minha frente. Tive de ir a delegacia dar meu depoimento sobre o caso, mas a verdade é que eu não tinha visto absolutamente nada. Só o que lembrava era de uma garota vestida de preto e de um sorriso. Um policial me deixou em casa e me recomendou um longo descanso para me recuperar do choque. Eu deveria estar em choque, não é? Mas eu não estava...
Apesar dos protestos de minha mãe, decidi que estava bem o suficiente para ir ao colégio no dia seguinte. Curiosamente, o dia não parecia estar tão quente quanto o anterior, embora o termômetro da estação informasse que a temperatura era ainda mais alta. No meio da aula eu já não conseguia mais prestar atenção a nada que o professor dizia e, então, passei a admirar o jardim pela janela. Ela estava lá. Parada ao lado da única árvore, ela parecia olhar em direção as salas, novamente procurando por alguém. Usava a mesma roupa do dia anterior, mas dessa vez o cabelo estava solto. Fiquei olhando na direção dela por algum tempo, mas ela demorou a notar. Quando me viu, novamente me fitou e depois sorriu.
Os gritos de todos na turma me assustaram. O sangue que ainda jorrava na mesa a minha frente pertencia a uma garota que, aparentemente, havia cortado os pulsos durante a aula. O corte profundo a matou antes mesmo da ajuda chegar. Era a segunda vez em dois dias que alguém morria diante dos meus olhos. Qualquer pessoa normal estaria em choque depois disso, mas eu estava bem. Por alguma razão, eu não dava a mínima para o que havia acontecido até então. Percebi que só o que eu tinha em mente era o sorriso daquela garota misteriosa. Eu queria encontra-la, mas como?
Ela continuou aparecendo dia após dia, sempre com o mesmo vestido preto, com o mesmo colar misterioso e sempre com o mesmo sorriso. Sempre que ela aparecia, alguém morria na minha frente, mas eu não me importava. Desde que eu pudesse vê-la de novo no dia seguinte, mais e mais vidas poderiam ser sacrificadas. Aquele sorriso havia se tornado minha única razão de viver. No entanto, eu nunca havia conseguido me aproximar de verdade, pois as mortes me impediam. Os dias ficavam cada vez mais quentes a medida que Outubro se aproximava do fim, mas eu sentia cada vez mais frio.

Naquele dia ela estava parada em frente a minha casa. Meu coração disparou ao vê-la. Seria esta minha chance de falar com ela? Eu estava nervoso e animado ao mesmo tempo. Caminhei lentamente até onde ela estava, me perguntando o que poderia falar. Nada me veio a mente. Parei diante dela, incapaz de proferir qualquer palavra. Tudo que fiz foi olhar para ela. Era a primeira vez que via que seus olhos eram de um intenso vermelho e que seu pingente tinha o formato de uma foice. Ela sorriu e com este sorriso, minha vida chegou ao fim.

sábado, 15 de junho de 2013

A Vida e a Morte de Scott Livelois

Ilustração de Pedro Rocha (Dante Valentine para os mais chegados, como eu)


Tudo estava normal naquela Segunda-feira. Era aula de Botânica, Angiospermas ou algo do tipo, não me lembro direito, afinal eu estava descansando confortavelmente em minha carteira. Sério, estava tendo um sonho ótimo envolvendo a Sandy, uma girafa e uma Ferrari! Hilário! Eu devia estar rindo enquanto dormia... Pelo menos isso justificaria o fato do lazarento do meu professor jogar um pedaço de giz na minha cabeça... Depois disso não dormi mais... Mas também fiz questão de não prestar atenção na aula...
Passados dois terços da aula eu comecei a observar as pessoas na sala. Mais da metade dos meus coleguinhas estava dormindo (confesso que imaginei o professor armado com uma metralhadora atirando toco de giz na cabeça de todo mundo). O resto da turma estava prestando atenção, não na aula obviamente, mas em seus celulares, livros, carrinhos de controle remoto, coelhos, elefantes, baleias, etc. O babaca do professor (sim, guardei rancor por causa do giz) estava falando para as paredes!
Para evitar uma morte lenta e dolorosa por tédio, decidi colocar minha imaginação para trabalhar. Comecei a imaginar a forma mais dolorosa (e mais divertida) para assassinar meu professor. Decidi que um tigre entrando pela porta e comendo o infeliz com garfo e faca era uma ótima opção... Foi nesse momento que notei que algo estava errado... O professor havia se calado e olhava fixamente para a porta. Ele estava pálido e com os olhos esbugalhados. Parecia que ele havia visto a morte em pessoa! No início achei que fosse uma brincadeira, mas ele não movia um músculo sequer.
–Professor? – Uma menina boboca na primeira fila perguntou – O senhor está bem?
Nenhuma resposta. Comecei a me perguntar o que teria acontecido. A garota boboca decidiu se levantar e ir até a estátua que, instantes atrás, era nosso professor. Ela caminhou lentamente, parou ao lado dele e, então, gritou... um grito agudo de horror que parece ter chamado a atenção de todos na sala. Aparentemente, apenas ela e eu tínhamos notado que algo estava errado...
Aos poucos as pessoas começaram a ficar preocupadas e a entrar em pânico, afinal agora eram duas pessoas paralisadas de medo olhando para algo posicionado na porta da sala... O que diabos estava acontecendo ali? Outras pessoas se aventuraram em direção a porta e todas acabaram paralisadas! Que diabos!!
De repente, algo chamou a atenção daqueles que ainda se mexiam. Uma sombra enorme começou a se projetar próxima a porta. Uma sombra diferente de todas as outras que eu já havia visto... Ela parecia ser bem mais que uma simples projeção de um corpo, ela parecia ter uma essência própria! Deuses, que diabos era aquela coisa?

Aos poucos todos os outros foram sendo paralisados exceto... Eu... E enquanto tudo ao meu redor tornava-se monocromático e sem vida, como que se fossem absorvidos por  essa onda negra, eu instintivamente comecei a rezar para todos os deuses que eu conhecia, mas desisti ao escutar uma voz cristalina e quase fantasmagórica dentro da minha cabeça:
– Não adianta rezar agora, Scott. Sua hora chegou e nenhum Deus poderá te salvar do lugar para onde você vai.
E em menos de um segundo tudo ficou escuro e eu desmaiei...
– Scott! - Que diabos? - Scott! – A voz de minha mãe ecoava em minha cabeça – Acorde, Scott!
– Mãe? O que a senhora...? Espera... Eu MORRI? - Ela riu - Para de rir, não tem graça, eu estou morto e... o que você faz aqui? - Já haviam se passado cinco anos desde sua morte, mas eu ainda me lembrava perfeitamente bem daquele sorriso.
– Olhe em volta, Scott. Isso é apenas um sonho.
– Então não é real? Você não está aqui de verdade?
– Para a maioria das pessoas um sonho é apenas um sonho, mas você é diferente, Scott... Você é especial.
- A senhora também é, mãe. Mas o que...
- Não é isso, meu filho.
– Como assim?
– Scott, a primeira coisa que você precisa entender é que eu amei seu pai desde o instante que o conheci. Preciso que você acredite nisso, tudo bem?
– Tudo bem, mãe, eu sei que você o amava.
– Muito bem, a segunda coisa que você precisa entender é que Anjos e Demônios são coisas tão reais quanto eu e você. Eles vagam pela Terra levando bondade ou terror e se relacionam com os humanos de todas as formas possíveis. Dito isso, preciso te contar uma coisinha meio que importante...
Ela corou. Espera, um fantasma pode corar? Que bizarro...
– Fala logo, mãe!
– Bom... É que você é... Filho de um anjo...
Fui forçado a levantar uma sombrancelha para evdenciar minha confusão.
- Como é? Pode repetir?
- Seu pai é muito mais que um humano normal, ele é de uma natureza celestial inominável.
Uau, que golpe. Bom, não sei como você reagiria ao descobrir que é filho de um ser celestial e não de um corretor de imóveis como te disseram sua vida toda. Mas em toda a minha natureza de overreacting eu acho que eu gritaria, brigaria, choraria e mandaria alguém para o quintos dos infernos, mas diante da atual conjuntura o meu dia estava sendo muita coisa e normal não era uma delas, então apenas fiquei boquiaberto.
– Eu sei que isso é muito, meu filho. - Jura? Qual a próxima? Você não é minha mãe e eu sou filho de uma alienígena ou coisa do tipo?- Mas isso te torna alguém muito importante. Você precisa entender que eles estão atrás de você! Você precisa escolher sabiamente. Use seus poderes para se proteger!
– Que poderes? Do que você está falando? Que lugar é ess...Ai!
Rapidamente aquela cena foi se desfazendo ao passo que a dor na minha cabeça aumentava. Naqueles últimos instantes com minha mãe pude apenas reconhecer as palavras “Eu te amo” antes dela sumir completamente e eu acordar...
Sério, minha cabeça doía horrores. Se você nunca foi agredido com um taco de beisebol, aproveite a sua sorte, pois posso garantir que é horrível. Merda! E que sonho foi aquele? Foi mesmo um sonho? Pareceu tão real...
– Então, Scott, onde é que você está? – Falar sozinho sempre me ajudava a pensar com clareza – Chão de pedra, grades de met... Ah! Que maravilha! É uma cela! Sempre quis ficar preso numa cela!
Bom, isso meio que era verdade, mas dadas as circunstâncias, decidi fazer algo um pouco mais racional: gritar feito uma garotinha pedindo para alguém me tirar dali... Que diabos eu estava pensando? Que o Batman ia brotar ali para me salvar? Se bem que isso teria sido bem legal! No entanto, o único cara que apareceu não era bem do tipo herói mascarado... Ele estava mais pra carrasco mesmo...
– Cala a boca, anjinho!
Já estava me preparando para mandar o cara para um lugar indecente, então olhei para ele direito. Mais de dois metros, corpo musculoso... Devia pesar pra lá dos 150 quilos... Usava uma máscara preta que cobria todo o rosto exceto os olhos... PUTA.QUE.PARIU.DEUS.TODO.PODEROSO.QUE.PORRA.DE.OLHOS.ERAM.AQUELES? Os olhos do sujeito eram duas bolas completamente negras! E não, não eram grandes pupilas negras... Era tudo preto mesmo! Que diabos estava acontecendo?
– Assim é bem melhor. Agora anda. – Ele gentilmente me agarrou pela gola e me arrastou para fola da cela – O chefe quer falar com você.
Ótimo! Tudo que eu queria era conhecer o desgraçado responsável por tudo aquilo...
Paramos em frente a uma grande porta de metal. O brutamontes me empurrou, docilmente, para dentro e fechou a porta atrás de mim. A maldita porta rangeu até minha espinha congelar. Olhei em volta e me dei conta que estava em um grande salão mal iluminado. Estava tão escuro que demorei alguns instantes até reconhecer uma silhueta a alguns metros de mim.
– Aproxime-se, Scott. – Disse uma voz de robô que ecoava por todo o salão. Impossível de levar a sério.
Ótimo! Fui sequestrado por uma seita de robôs do futuro! Será que eu ainda estava sonhando? Por alguma razão estúpida, decidi me aproximar da tal silhueta. Quando cheguei perto o bastante, decidi olhar para outro lugar além do chão de mármore... Foi como olhar para um espelho...
– Finalmente nos conhecemos, Scott! Esperei longos dezesseis anos para isso! - Disse ele abrindo os braços e descendo uma escadaria invisível naquela escuridão.
Maravilha! Não bastava eu ter sido sequestrado e agredido, meu sequestrador tinha que ser um maníaco com voz de robô que era uma cópia cuspida e escarrada de mim mesmo. Repito, maravilha!
– Quem diabos é você? – Acho que soei mais corajoso do que eu era, mas estava revoltado.
– Curiosa escolha de palavras...
Você já ouviu um robô tendo uma crise de riso? Se não, sorte sua... É medonho! Ok, mereço ser parabenizado por ter conseguido segurar a minha risada, aquela voz era ridícula!
– Vai dizer que você é o Capeta? Sério?
– Não diga bobagens, Scott, eu não sou Lúcifer.
– Então quem é você? O Homem Bicentenário numa roupa estilosa?
– Eu sou sua morte, Scott.
Meu queijo caiu pela segunda vez em menos de cinco minutos. Acho que se o dia continuasse assim eu deixaria de me impressionar com qualquer coisa pro resto da vida.
– Minha o quê?
– Sua morte, você é surdo? Sou seu anjo da morte, se preferir assim.
– Ah, por que não disse logo? Agora estou muito mais tranquilo.
Eu não estava, mas acho que você percebeu a minha ironia. Bom, mas como ficar calmo quando você se encontra frente a frente com um ser todo vestido de preto, com longas asas negras, que apareceram quando ele se revelou um anjo, e um bastão de beisebol?
– Cara, que excentricidade é essa? Qual a do bastão de beisebol? Ok. Que droga de brincadeira é essa? Cadê as câmeras?
– Não é brincadeira, Scott. Sei que sua mãe esclareceu tudo para você, não foi?
– Ela falou a respei... Ei! Como você sabe que sonhei com minha mãe?
– Não foi um sonho, Scott. Tudo o que ela disse é verdade. Você é meio anjo, garoto!
Ele falava isso como se fosse algo divertido...
– Eu não entendo... Como pode não ter sido um sonho? Minha mãe está morta...
– Você já ouviu falar que quando dormimos nossa alma fica livre para vagar entre o mundo dos vivos e o dos mortos? Isso é verdade, mas apenas para aqueles que, como você, possuem poderes divinos.
– De novo essa história de poderes? Mamãe também falou disso... Que poderes seriam esses?
Ele riu... De novo... Risada medonha...
–Pense um pouco, Scott... Você sabe dizer com certeza quando estão mentindo, não é? Você sente quando precisam de sua ajuda, estou certo? E é claro, essa não é a primeira vez que você visita o mundo dos mortos, é?
Deuses! Como ele poderia saber disso tudo? Nem mesmo meu analista sabia disso... Aliás, agora que parei pra pensar vejo que aquele velho imbecil é um inútil, mas isso não vem ao caso. Será que era verdade? Aquele era mesmo meu anjo da morte? Decidi arriscar.
– Vamos supor que eu acredite em você, o que tudo isso significa? E o que diabos era aquela sombra que me atacou no meio da aula?
– Era a sua mãe, Scott. O tempo estava acabando e ela precisava arranjar um jeito de falar com você. - Minha mãe sempre foi um fracasso quando se tratava de ser discreta. Parece que certos hábitos não mudam depois de morrer. - De qualquer forma, isso significa, Scott, que o destino da humanidade está em suas mãos.
Poxa! Ele é bem direto na hora de jogar a responsabilidade do mundo, literalmente, nas suas costas! Filho da puta... Espera, xingar um anjo é heresia? Ah... Dane-se... Já estou ferrado mesmo...
– Você poderia ser um pouco menos vago quanto a isso?
– Há muitos anos foi profetizado que o fruto de uma união proibida teria o poder de salvar ou de destruir a humanidade quando chegasse a hora.
– E você acha que esse “escolhido” seria eu? Eu tenho dezesseis anos e, por mais narcisista que eu possa ser em alguns momentos, eu tenho que admitir que me faltaria a maturidade para tomar uma decisão assim.
– Eu não acho, eu sei que é você, Scott. Você é o fruto da única união entre um anjo e um humano nos últimos mil e quinhentos anos. A profecia é sobre você, mesmo que você seja um maldito adolescente.
– Mais uma vez vamos supor que eu acredito em você. Como, exatamente, eu decidiria isso?
– Escolhendo entre sua vida e sua morte. – Disse uma voz de Darth Vader atrás de mim.
Me virei para ver quem era o dono da voz e adivinha? Outra cópia minha tinha aparecido! Só que ele estava vestido todo de branco e tinha imponentes asas igualmente brancas que espalhavam luz pela sala, sendo mais fácil visualizar minha morte. Os olhos eram completamente brancos, assim como os da minha morte eram negros. E ao invés de um taco de beisebol ele segurava um taco de hóquei! Dava pra isso ficar mais bizarro? Essa modinha excentrica atual está afetando as pessoas mais do que eu imaginava.
– Quem é você?
– Eu sou sua vida, Scott. - Disse ele, ofegante.
Era só o que me faltava! Eu estava me sentindo num desenho do Mickey Mouse... Sabe aqueles em que aparece um anjinho e um diabinho e dão conselhos pra ele? Pois é... Só que eu tinha uma morte e um vida em tamanho real... Enquanto minha mente divagava, iniciou-se o diálogo mais bizarro que já vi na vida! Minha vida falando com minha morte:
– Me admira você, irmãozinho. Aparecer antes da hora não é do seu feitio...
– É como dizem, maninho, vale tudo na guerra.
– Isso é tão baixo...
– Se eu vou competir contra você, preciso pensar como você. Você mesmo me ensinou isso.
– Confesso que estou impressionado.
– Hey! Eu ainda estou aqui... – Decidi entrar naquela conversa louca.
Ambos olharam para mim ao mesmo tempo. Cara, como aquilo foi estranho! Pelo menos eu era de novo o centro das atenções... Não que isso fosse algo bom.
– Agora que tenho sua atenção, será que algum dos dois pode me dizer o que fazer?
– Eu já lhe disse, Scott. – Disse minha vida com sua voz de Darth Vader – Você precisa escolher um de nós.
– Ah, é claro! Como não pensei nisso antes? Mas POR QUÊ?
– Porque é seu destino, Scott. – Respondeu calmamente minha morte com sua vozinha de robô – Você está destinado a ser grandioso, mas nada valeria os sacrifícios e o sofrimento que você causaria...
– Pode parar por aí, maninho! Você conhece as regras! Ele deve fazer a escolha por ele mesmo, sem informações adicionais.
Putz, se isso não é um sonho, que uma coisa fique clara, que raio de situação, viu.
– Mas como posso escolher algo sem saber o que estou escolhendo?
– Mas você sabe, Scott. – Disseram os dois ao mesmo tempo – Você deve escolher entre sua vida e sua morte, Scott Livelois.
– Ah! É claro! Simples assim... Do nada me aparecem dois seres iguais a mim me dizendo que devo escolher entre minha vida e minha morte pra salvar ou destruir a humanidade como se fosse a coisa mais normal do mundo.
– Você definiu muito bem, Scott. – Disseram ambos.
- É que acontece toda tarde com meu vizinho.
Lancei aos dois meu olhar mais irritado e depois passei a ignorá-los. Comecei a pensar. Eu já havia decidido que aquilo não poderia ser um sonho, então era certamente real. No entanto, até aquele momento, quando me vi pressionado a fazer uma escolha que poderia mudar o destino da humanidade, eu não havia sentido medo. Que coisa irracional, fui tragado da minha sala de aula por uma sombra, encontrei minha falecida mãe e depois... isso, e nenhuma emoção se mostrou. Deve ser o choque. Mas naquele instante o medo tomou conta de mim por completo. Pensei em fugir, mas não havia para onde correr. Mesmo a porta por onde eu havia entrado não estava mais lá! Droga!
– Chegou a hora, Scott. – Disse minha morte.
– Você precisa se decidir. – Completou minha vida. Que ótimo, agora eles falam em jogral.
– Decidir assim, no vazio? Sem saber o que acontece depois?
– Sim. – disseram em uníssono.
– Isso é ridículo! Ilógico não chega nem perto de descrever essa situação. Ah, foda-se essa merda, eu escolho minha vida, dane-se.
Uma risada ecoou em todo o cômodo. Minha vida parecia muito feliz, mas aquilo não me pareceu nada, nada bom... Peraí universo, o foda-se não era sério, só saiu da minha boca no calor do momento.
– O que você fez, Scott? Você condenou a todos...
O tom de preocupação da minha morte me deixou meio desesperado...
– Ora, ora, Scott. Não é que você fez a escolha certa? Agora venha comigo. Você tem um planeta para dominar com a ajuda de seus demônios!
– Meus o quê?
– Seus demônios! Você escolheu viver e agora deve enfrentar seu destino! Crescer e tomar o poder. Escravizar os fracos e matar seus inimigos! Tornar o mundo um lugar habitado pelos demônios! É mais do que tempo dos humanos pagarem por sua heresia! Vamos, Scott! Juntos seremos invencíveis!
É... Parece que fiz merda... E das grandes... Mas eu não tinha como saber, tinha? Tudo bem que meu radar natural me avisou que aquele ser branco era perigoso, mas eu estava assustado! Respirei fundo e percebi que era hora de enfrentar meu destino.
– Eu não farei nada disso!
– Você não tem escolha, Scott! – E minha cópia Darth Vader começou a rir... Como aquela risada era irritante. – Não mais...
– Eu sempre tenho uma escolha!
– Você que sabe... Tinha um destino brilhante neste planeta e muito além, mas se não quiser me acompanhar, que seja, você não é mais importante. Boa sorte enfrentando os demônios que você libertou!
E desapareceu no ar.
– Então, morte. Há algo que ainda possa ser feito para corrigir o que eu fiz?
– Existe algo, mas é muito arriscado... Pôxa Scott, não conseguiu captar nada no que eu dizia antes de o meu irmão me cortar?
– Diga e eu farei! Preciso corrigir meu erro a qualquer custo! Mas cá entre nós, esses demôn...
– Cruéis e mortais.
– Foi o que eu pensei... Diga o que devo fazer.
E ele disse...
– Você tá de brincadeira, certo? Como diabos eu vou conseguir isso?
– Olha, Scott, esse caminho você terá que percorrer sozinho. Preciso preparar os anjos para a batalha que se aproxima.

E sumiu, me deixando sozinho naquele quarto escuro. Quem poderia imaginar que em um dia eu ia conseguir condenar o mundo à destruição por tão pouco? Por falar nisso, eu preciso descobrir como parar isso... Mas antes tenho um outro problema em mãos... Como diabos eu saio daqui?

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dia dos Namorados Sangrento

Eu não poderia deixar de fazer uma homenagem ao Dia dos Namorados... Ao meu jeitinho, é claro ^^

Eis algumas imagens "fofinhas"

Pra começar, um carinhoso cartãozinho para dar para seu amor:


Não curtiu o cartão? Acha muito simplório? Que tal escrever um recadinho num muro usando um líquido especial chamado sangue? Veja só como fica:


O coração é opcional... 
Mas é claro que não pode ficar apenas no cartão/mensagem, né? A sociedade de consumo na qual vivemos exige que demos um presentinho pra pessoa amada (e dinheiro pra alguma multinacional...)... Já que é preciso, não vou deixá-los na mão! Eis aqui cinco opções de presente:

1. Buquê de flores


Só não vai sacudir enquanto faz um desejo... Isso nunca acaba bem... (Vide "Formaturas Infernais")

2. Ursinho de pelúcia


Um clássico... Só espero que ele não coma seu cérebro... Mentira... Tomara que ele coma seu cérebro kkkkkkk

3. Foto de um filme bacana


Esse presente é pra aquela pessoa que curte filmes, animes, etc... Mas é preciso ter cuidado pra não escolher uma cena ruim... Daquelas que te fazem vomitar, sabe? Tipo uma patricinha se declarando pro namorado... 

4. Um bichinho de estimação


Quem não gosta de um bom bichinho de estimação? Pra fazer carinho ou comer sua cara? Fica a dica...

5. Caixa de chocolates


Uma caixa de chocolates é sempre uma boa opção, mas você pode inovar! Você é daquele tipo de pessoa que vive repetindo que seu coração é da pessoa amada? Eis sua chance de tornar isso literal!!! 

Para terminar, fica uma sugestão de filme para vocês assistirem juntinhos a noite... Eis o trailer:





UM FELIZ DIA DOS NAMORADOS (pra quem tem namorado(a))






quarta-feira, 29 de maio de 2013

Fantasmas...

Dizem por aí que fantasmas não existem. Talvez aqueles seres sobrenaturais compostos de ectoplasma não existam mesmo, mas de uma coisa eu tenho certeza: fantasmas existem sim e eles adoram voltar para nos assombrar... Esta é a história de como um fantasma pode mudar a vida de alguém da forma mais inesperada possível...
Lembro daquele dia como se fosse hoje e todos aqueles sentimentos conflitantes ainda estão bem vivos em minha memória... Foi um dia confuso devo admitir, mas acho que eu não poderia mudar absolutamente nada dele. Foi um dia perfeito da forma como deveria acontecer...
Tudo começou quando vi aquela mensagem de texto. Ela estava fora por tanto tempo que nem achei que ela ainda tivesse meu número... Imagino se ela teria pensado o mesmo antes de mandar a mensagem... Bom, pensando ou não, fato é que ela optou por enviar. Ela estava de volta a cidade e queria me encontrar. Hesitei por alguns instantes antes de responder positivamente, com carinha feliz e tudo que tinha direito! Minha hesitação não foi por mágoas passadas, claro. Era algo ainda mais perturbador... Durante todos os anos em que fomos amigos eu nutri uma grande paixão não correspondida por ela, um amor platônico mesmo... Acho que este era o único segredo que nunca contei a ela... Nossa amizade valia muito mais do que uma paixão não correspondida. Quando ela se foi eu aprendi, com o tempo, a esquecê-la e assim eu o fiz. Pelo menos eu achei que tinha feito...
Marcamos de nos ver a tarde no mesmo café em que costumávamos ir nas tardes livres após o colégio. Eu confesso que estava muito nervoso com este reencontro... Depois de tanto tempo, será que ela estava diferente? Será que eu estava diferente? Eu estava mesmo uma pilha de nervos... Acabei chegando no café mais ou menos meia hora antes do horário marcado e acabei sendo surpreendido pela presença dela lá... Nos cumprimentamos e eu perguntei o que ela fazia lá tão cedo. Ela me disse que me conhecia muito bem a ponto de saber que eu chegaria mais cedo, então ela resolveu me fazer uma surpresa! Conversamos, rimos, tomamos café, contamos casos e tudo mais o que se pode fazer num reencontro. Só que não parecia isso... Era mais como se ela nunca tivesse ido. Ela parecia ser a mesma pessoa da qual eu me lembrava... O mesmo corte de cabelo, os mesmos olhos verdes, o mesmo sorriso... De repente dei por mim fitando-a da mesma forma que fiz inúmeras vezes no passado...
Saímos do café para darmos uma volta pela vizinhança. Enquanto andávamos ela deu um passo para perto de mim e segurou meu braço. Caminhamos por quase uma hora assim, de braços dados... Costumávamos andar assim pra cima e para baixo antigamente... Toda essa proximidade foi, aos poucos, me fazendo lembrar de um sentimento que eu, sinceramente, tinha certeza de estar enterrado bem fundo em meu passado. No entanto, tal qual um fantasma, ele voltou com toda a força para me assombrar...
Estava ficando tarde e ela me disse que tinha que ir pra casa desfazer as malas. Confesso que ter a certeza de que ela estava de volta em minha vida me fez sentir uma felicidade que há muito eu não sentia... Uma felicidade que apenas ela conseguia me provocar... Quando chegamos a casa dela e nos despedimos ambos hesitamos por um momento, como se quiséssemos dizer algo um para o outro mas não encontrássemos as palavras certas para isso. Em alguns momentos eu tive a nítida impressão de que ela iria dizer algo, mas não disse. Não nego que pensei em contar a ela tudo sobre o que eu sinto... sentia por ela, mas a coragem me fugiu... Afinal ela havia acabado de voltar. Como eu poderia bombardeá-la com toda essa sentimentalidade? Seria loucura! Mas e se... e se eu não fosse o único? O que eu devia fazer? Falar ou ir embora?
Acabei optando por ir pra casa... Não por covardia, mas para dar uma chance ao tempo. Não quis apressar algo que poderia ser para sempre... Já esperei por tanto tempo que acho que posso sobreviver a mais uma noite. Além disso ela me prometeu que me liga amanhã para podermos conversar com calma sobre o que não foi dito hoje...

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Adeus

"Alô?"
"Amanda?"
"Sou eu. Quem fala?"
"Ícaro."
"Ah! Oi, meu amor! Sua voz tá diferente... Você está doente?"
"Um pouco, mas não é nada pra se preocupar..."
"Tem certeza?"
"Sim..."
"Bom, então tudo bem."
"Amanda... eu queria te dizer uma coisa..."
"O que foi? Aconteceu alguma coisa? Tem certeza que você tá bem?"
"Tenho... É só que eu queria dizer que te amo..."
"Ahh, seu bobo! Também te amo! Muito!"
"Sério... Eu te amo desde a primeira vez que te vi... Eu amo seu jeito de falar, amo seu jeito de se vestir, amo seu jeito de pensar... Amo quando você finge estar brava... você faz uma carinha linda quando faz isso. Amo o cheiro do seu cabelo e amo quando você pousa sua cabeça em meu ombro. Amo seus olhos castanhos e amo quando você canta para eu dormir..."
"Meu amor, você está chorando?"
"Não... não..."
"Ícaro, você tá bem?"
"Estou... não se preocupe..."
"Eu te conheço... sei que tem algo errado... o que foi?"
"Não é nada..."
"Chega! Eu vou até sua casa, ok?"
"Eu não estou em casa..."
"E onde você está? Ícaro? Ícaro?"
"Eu... eh... tenho que desligar... Adeus, meu amor... Adeus meus lindos olhos castanhos..."

"Por que você não contou?"
"Eu não consegui... Não posso dizer isso a ela."
"Mas ela merece saber..."
"Eu sei... Mas não consigo me despedir..."
"Isso foi uma despedida, não foi?"
"Sim... Ela vai me odiar quando souber, mas pelo menos eu pude dizer adeus..."
"Ícaro, você sabe que não tem que ser assim... Eu posso chamá-la aqui..."
"Não! Não quero que ela me veja assim..."
"Você não precisa ter vergonha disso, meu filho..."
"Não é vergonha, mãe... Só não quero que a última imagem que ela vai ter de mim em sua memória seja esta... Ela não merece isso..."
"Acho que nós dois já choramos o suficiente, não é?"
"Acho que sim..."
"Eu te amo, meu filho..."
"Também te amo, mãe... Quando chegar a hora, você pede desculpas a ela por mim?"
"Claro..."
"Parece que no fim das contas nós ainda não choramos tudo..."
"É... parece que não..."
"Adeus mãe... Eu te..."
"Adeus, meu filho..."


domingo, 19 de maio de 2013

Final Feliz


Chovia muito naquela manhã de domingo. Uma chuva fina, porém firme e constante, daquele tipo que parece que não molha nada, mas que na verdade te deixa encharcado em segundos... Um dia cinza e triste perfeito pra representar meu estado de espírito. Sentada junto à janela, lágrimas corriam dos meus olhos acompanhando o ritmo da chuva... Eu estava triste, eu estava com raiva, eu estava desolada, afinal de contas eu havia visto meu mundo cair no dia anterior...
Acordei bem cedo naquele sábado... Mais ou menos por volta das onze da manhã... Aquele era pra ser um dia especial... Eu tinha passado as últimas duas semanas ocupada com os preparativos. Ensaiei arduamente pra aprender os acordes da música que íamos tocar no final da festa, fiz os pedidos de salgados e de bebidas, decorei todo o galpão sozinha e tudo isso pra que? Pra descobrir o quanto eu sou idiota...
“Vocês são perfeitos juntos” era o que eu ouvia de todos as minhas amigas e eu concordava com elas todas as vezes. Ele era um perfeito cavalheiro comigo, era bonito, gentil, inteligente, enfim... Tudo que sempre procurei, tudo que eu sempre quis... Pelo menos era o que eu achava... É tão difícil quebrar a cara... Dói muito mais do que se imagina. Só quem já passou por isso sabe o quanto é complicado ver a perfeição de desfazer diante de seus olhos...
Eu fui burra, confesso... Eu não deveria ter fechado os olhos pros amigos idiotas dele... Eu não deveria ter ouvido calada cada insulto e cada merda que eles diziam sobre mim... Que eu era difícil, que eu era chata e mimada, que eu era estúpida e que ele poderia arrumar coisa melhor e mais gostosa do que eu... Mas eu achava que ele era diferente deles... Achava que ele apenas escutava aquilo e não dava importância... Ele sempre dizia que eles estavam apenas brincando e que eu era tudo pra ele... Como pude ser tão tola?
Estava toda empolgada indo pra festa de aniversário que eu tinha preparado em segredo com tanto carinho... Deixei tudo arrumado e fui busca-lo em casa. Chegando lá me dei conta de que ele não estava sozinho... Escutei a voz dele e já estava pronta pra bater na porta quando eu a escutei... Seja lá o que estivesse acontecendo, ela parecia estar gostando bastante... Dei a volta pra ir olhar pela janela do quarto dele e não consegui acreditar no que eu estava vendo... Fiquei completamente paralisada ali... Olhando aquela cena nojenta, ainda sem acreditar no que meus olhos insistiam em me mostrar... Depois acabei correndo...
Fui direto para meu quarto sem falar com ninguém... Parece que foi calculado, pois assim que deitei ele me ligou... Ele... Aquele tarado, traidor de uma figa... Relutei muito em atender, mas algo em mim me dizia que eu precisava por tudo pra fora...
“Alô.”
“Oi, meu amor... Sou eu. Você não disse que ia passar aqui em casa as sete pra me fazer uma surpresa?”
Então era isso? Ele achava que eu só ia aparecer as sete e por isso tinha o território livre pra fazer sei lá o que com aquela vaca?  
“Curioso você falar em surpresa...”
“Ei... o que foi? Você parece estar chorando... Aconteceu alguma coisa? Quer que eu vá até aí?”
“Eu quero que você vá para o quinto dos infernos seu traidor de merda!”
“Ei! O que houve?”
“Você tem a coragem de me perguntar o que houve? Pergunta para aquela vadia que estava com você hoje...”
“Do que você está falando?”
“Não se faça de bobo, seu desgraçado! EU VI!”
“Você o quê? Olha... Eu posso explicar... Não é o que você está pensando...”
“Não... você realmente não é nada do que eu pensei que fosse... Eu achava que você era o cara certo... Eu te AMAVA, seu babaca... No fim você é exatamente igual a todos os seus amigos... Eu era o que? Só sua diversão enquanto as putas não estavam? Você algum dia sentiu algo por mim ou era tudo enrolação? Quer saber, que se dane... Você conseguiu estragar tudo... Parabéns! Espero que você esteja feliz...”
Não lembro em que momento parei de chorar e fui dormir... Só sei que quando acordei já estava chovendo... Saí da cama e nem me dei ao trabalho de me olhar no espelho... Eu sabia que estava um caco... Não sei direito o porquê de tudo isso ter acontecido comigo... Acho que é o destino... Agora eu só quero ficar aqui, sentada na janela olhando a chuva cair junto com minhas lágrimas... Eu tinha tudo e não tinha nada... Agora só me resta um vazio no peito e uma única certeza: Falta muito pro meu final feliz...

sábado, 4 de maio de 2013

Primeiro Beijo


O que eu faço agora? Nem sei por que fiz aquilo. Eu não devia ter feito aquilo. Ela não vai me perdoar nunca. Ou vai? Não, é claro que não vai. Será que eu ligo? Melhor não, ela não vai atender mesmo. Eu sou um grande imbecil. Pior é que foi bom, muito bom. Por mais que eu tente, acho que não vou esquecer o dia de ontem.
Era uma sexta-feira normal na escola. A aula de biologia estava um saco, pra variar, e eu estava quase dormindo. Minha melhor amiga me deu um tapa na nuca, ela nunca me deixava dormir na aula, e eu me virei pra repreendê-la, mas não consegui fazê-lo. Nos últimos dias eu não conseguia brigar com ela, toda vez que eu a olhava só via aqueles olhos verdes tão lindos e me perdia dentro deles. Não sabia explicar o que era aquilo, mas era estranho.
Eu a conhecia há muitos anos. Desde que me mudei pra cá nós somos vizinhos. Como somos os únicos jovens na rua, somos amigos desde sempre. Em todos esses anos eu nunca tinha me sentido assim perto dela. O que estava havendo?
Acabou a aula e nós fomos embora juntos, como sempre fazíamos. Quando éramos mais novos, nós íamos de mãos dadas. A mediada que fomos crescendo, isso deixou de acontecer, mas já há alguns dias eu queria muito, muito mesmo, que esse hábito voltasse. Queria caminhar de mãos dadas com ela, queria estar perto dela, queria...
Estávamos na frente da casa dela e eu, enfim, decidi tomar uma atitude. Na verdade eu não cheguei a pensar sobre isso, foi mais instintivo mesmo. Em um movimento súbito, segurei o braço dela, impedindo que ela entrasse. Ela se virou e me perguntou o que o que tinha acontecido. Eu a olhei e disse que tinha que mostrar algo pra ela. Ela me perguntou o que era. Eu disse: “Isso”. Fiz um movimento tão rápido que nem mesmo eu vi. Eu a beijei. Foi rápido, mas foi bom. Depois acho que percebi o que tinha feito e corri feito um louco pra minha própria casa, deixando ela ali, na frente da casa dela e sem entender o que tinha acontecido. Fui direto pro meu quarto e comecei a pensar no que eu iria fazer. Passei a noite em claro. Ainda bem que era sábado. Não sabia o que fazer.
Eu estava completamente perdido nos meus pensamentos, me culpando pelo o que eu tinha feito. Me assustei ao ouvir o meu celular tocando. Corri pelo quarto atrás do meu telefone (vivo esquecendo onde deixei). Ao ver quem estava me ligando, tomei um susto maior ainda: era ela. Atendi.
“Oi, olha, sobre ontem...”
“Espera, eu queria conversar com você pessoalmente, você se importa se eu for até aí?”
“Não. Tô te esperando então.”
Droga. Ela ia vir aqui e me chamar de tudo quanto é nome. Vai dizer que eu sou idiota e cafajeste e que ela nunca mais vai querem me ver. Mas tenho que admitir que lá no fundo eu tinha esperanças de que ela ia dizer que gostou do beijo e que não tinha nada a ver. Só tinha uma coisa que eu sabia que ela não ia dizer: que ela gostava de mim. Eu sei disso, pois dias atrás ela me disse que tava a fim de um cara lá da escola. Acho que foi quando eu ouvi isso que eu percebi o quanto eu gostava dela.
Corri até a porta quando ouvi o interfone. Ela entrou e nós fomos em silêncio, um doloroso silêncio de quem não sabe o que dizer, até o meu quarto. Nos sentamos um de frente pro outro e nos encaramos um minuto.
“Olha, sobre ontem, me desculpa. Não sei por que fiz aquilo.”
“É sobre isso que eu queria falar com você.”
“É sério, vou entender se você não quiser mais falar comigo. Eu não devia ter te beijado daquele jeito.”
“Não, não devia. Mas...”
Eu notei algo esquisito: ela estava nervosa. Até parecia que ela não estava tendo a coragem necessária para me dizer alguma coisa. Não sabia o que ela ia dizer, mas pela primeira vez me senti verdadeiramente confiante.
Com alguma dificuldade, ela continuou:
“... mas é que... foi, tipo... o meu primeiro beijo.”
“É eu sei. Me desculpe, sério. Eu sei que você queria que seu primeiro beijo fosse com o tal cara de quem você gosta. Desculpa.”
Eu estava querendo gritar, mas só o que eu consegui foi chorar. Não sou de chorar, mas naquela hora eu não consegui me segurar. Ela viu que eu estava chorando e se aproximou, sentou-se ao meu lado e me abraçou. Naquela hora tudo sumiu. Aquele abraço me consumiu por completo. Eu poderia ficar ali pro resto da minha vida. Eu achava que tudo estava perfeito, então eu a ouvi dizer baixinho:
“Meu primeiro beijo foi com o garoto que eu gosto. Eu gosto de você. Mas achei que você fosse achar que eu era idiota, tive medo de te perder.”
Acho que entrei em choque, não sei bem. Só sei que aquele momento perfeito ficou ainda melhor ao ouvir essas palavras. Ela gosta de mim!
“Me perder? Nunca. Eu também gosto de você. Desde sempre, eu acho.”
Após um breve minuto de silêncio, um delicioso silêncio de quem não sabe o que dizer, aconteceu um segundo primeiro beijo. Só que dessa vez nenhum dos dois foi surpreendido.

Espero o tempo que for


Era outra quarta-feira idiota da minha vida. Aulas chatas de manhã, tendo que aguentar aquelas patricinhas esnobes trocando mensagens de texto durante a aula toda e dando risadinhas histéricas, provavelmente porque uma delas comprou um novo esmalte rosa. Quanta futilidade. Não que eu estivesse prestando atenção na aula... muito pelo contrário, eu só estava querendo tirar uma soneca. Também, quem manda ficar andando de skate até altas horas da noite? Além disso, à tarde eu teria que encarar uma aula de balé, que eu sou forçada a fazer para agradar minha mãe e garantir meu dinheiro no fim do mês. A pior parte é que aqueles três seres cor-de-rosa, Flávia, Karina e Marcela, a última a mais idiota de todas, estarão lá... e como sempre vão aproveitar seus breves momentos sem celular para praticar o único esporte que elas tem capacidade suficiente para aprender: implicar comigo.
Bom, como eu já esperava, não foi uma tarde agradável... nunca era... (mas a Marcela vai ter o que merece...). Pelo menos acabou rápido. Já estava indo embora quando notei que tinha esquecido meu celular na classe. Voltei pra pegar e pra minha infeliz surpresa dei de cara com ela, Marcela, saindo da aula. Momentos de tensão. Mas me controlei... dar uma surra nela seria ótimo, mas poderia me render uma expulsão. Saí do caminho para que ela desfilasse sua prepotência colorida de rosa, a contragosto, claro. Parece que foi ensaiado. Na hora em que ela passou por mim, um garoto de skate passou, quer dizer, colidiu com ela, jogando ambos ao chão. Nossa, foi amor a primeira vista... só que ele não me viu.
Foi muito rápido. Por sorte (ou azar... sei lá) nenhum dos dois se feriu, embora o skate tenha ficado em estado terminal, vindo a falecer horas depois. Recuperado do tombo, o garoto ajudou Marcela a se levantar. Pra que fazer isso? Foram só os olhares se cruzarem pra qualquer retardado que estivesse passando perceber que tinha algo a mais ali. Sinceramente, ainda me pergunto como eles conseguiram falar depois...
“Vo...vo... você está... eh... bem?”
Bom, admito que ver a cara de idiota (mais do que normalmente ela tem) da Marcela, sem conseguir falar ou piscar, foi no mínimo hilário. Só que isso só deixou o garoto mais preocupado... (que ódio)
“Oi, você está bem?” – Perguntou o garoto, colocando a mão no ombro dela.
“Ah... estou sim.”
“Sério, me desculpa. Eu acabei perdendo o controle e você apareceu de repente.”
“Tudo bem... ninguém se machucou.”
“Verdade, só meu skate que parece um pouco danificado...”
“Sério? E dá pra concertar?”
(Insira aqui um palavrão). Aquela patricinha nojenta. Ela estava dando em cima dele! Aquela bruaca cor-de-rosa tinha acabado de conhecer o garoto e estava dando em cima dele!! Eu devia matar ela... o problema é que nenhum dos dois parecia notar que eu ainda estava parada ali. Que ódio!
“Não.” – Respondeu o garoto.
Eles se olharam um minuto e começaram a rir como se fossem amigos de infância. (Insira aqui outro palavrão). Não acreditei quando vi...
“E então, qual o seu nome?”
“Thiago. E você, como se chama?”
“Marcela.”
“Nome bonito. Combina com você.”
O QUÊ?? EU NÃO ACREDITO!! ELE A ELOGIOU...
“Ah... brigada... você costuma ser sempre tão desastrado?”
“Até que não. Costumo ser um ótimo skatista.”
“Tenho minhas dúvidas.”
Eles estavam rindo de novo. Agora, eu me pergunto quais são os motivos que me levaram a ficar ali, estática, sendo ignorada pelos dois... Eu devia ser mesmo uma completa imbecil.
“Por que você não vai me ver competir no sábado? Aí poderia te mostrar que eu não sou tão desastrado assim.”
O QUE? Ele chamou ela pra sair? Não acredito!! Mas é óbvio que ela vai recusar... Imagina se as amigas delas descobrem que ela vai a uma competição de skate?  Além disso, eles tinham acabado de se conhecer... Ela não ia aceitar. Eles são completamente diferentes... Completamente opostos... Imagina só: uma patricinha que amava rosa, celular, internet, bolsas, sapatos e joias e um skatista de tênis e roupas largas, com alargador e boné virado. Era óbvio que a resposta seria aquela... Tão óbvio que decidi sair a francesa... Se bem que não faria diferença o modo como eu saísse, eles nem repararam que eu ainda estava lá quando Marcela respondeu.
“Claro, estarei lá!”
Veio a noite. Saí escondida de casa, como sempre faço, pra ir treinar umas manobras. Afinal, eu ia competir no sábado também. Para minha surpresa, ao chegar à rampa comunitária do bairro, eu encontro com ele. Thiago. Estava sozinho, treinando sua série, que era muito boa pra falar a verdade. Nossa, ele parecia inspirado. Que nojo. Mesmo assim decidi iniciar uma conversa.
Conversamos durante umas três horas. Nossa, nós tínhamos muitas coisas em comum! Ambos gostávamos de tocar guitarra, embora eu não fosse muito boa nisso. Ele até se ofereceu pra me ensinar! Ambos compúnhamos músicas. Ele até disse que depois poderíamos cantar alguma coisa juntos. Gostamos das mesmas bandas, dos mesmos filmes e até mesmo do mesmo sanduíche! A conversa estava tão agradável! Ele disse que amanhã começava a estudar na mesma escola que eu, na mesma sala até. Só resolvi ir embora quando o assunto chegou na Marcela. Disse que tinha que ir dormir e ele me levou em casa. Nossa, é sério, não sei o que ele viu naquela patricinha idiota e metida à besta. Mas amanhã ele vai ver a verdadeira face dela!
Quinta-feira chegou e com ela a decepção. Ele sentou-se ao meu lado na aula, mas assim que tocou o sinal ele foi correndo falar com a Marcela. Ela deu um jeito de despistar as amigas e foi conversar com ele. Minutos depois ele voltou com um grande sorriso no rosto. Basicamente, ela só falava com ele quando ninguém mais estava olhando. Se tivesse alguém perto, ela fingia ignorá-lo. O que era mais revoltante é que ele lidava naturalmente com essa situação! Que ódio!
Os dias foram passando e, novamente, era quarta-feira. Aula de Balé. Bom, pelo menos dessa vez a aula foi útil. Escutei umas coisinhas. Aquela víbora dissimulada da Marcela estava falando mal do Thiago!! Como ela ousa? Concordava com tudo que as amiguinhas dela diziam... Que o cabelo dele era esquisito, que as roupas eram ridículas, etc. Bom, eu comecei a rir. Elas, obviamente, não gostaram. Em especial a Marcela. Depois da aula, ela me esperou sozinha, e disse que tinha que conversar comigo. Irônico e muito divertido. Ela me implorou pra não falar nada pro Thiago. Ela só tinha se esquecido de um detalhe. Eu nunca fui uma ameaça pra ela, não nesse aspecto. Já as amigas dela...
Quinta-feira, o último dia de aula. Foi um dia bem divertido, devo dizer. Estava sentada no meu lugar, como sempre. O Thiago ao meu lado. Fazia um tempo que ele vinha reclamando das atitudes da Marcela quando estava perto das amigas. Será que ele tinha entendido? A garota tinha vergonha dele! Não, não era isso. Ele só queria pedir algo emprestado. A cena que se seguiu foi terrível pra se descrever... A forma como aquelas duas, Flávia e Karina, humilharam ele foi cruel, muito cruel. Mas pior ainda foi a atitude de Marcela ao ser questionada se concordava ou não com as afirmações das duas. Ela se calou. Ficou lá, muda, sem saber se falava alguma coisa ou não. Só quem viu o Thiago depois disso sabe o que ele sentiu. Ele estava arrasado. Finalmente via a verdade e ela doía muito.
Por mais doloroso que fosse pra mim, eu tinha que fazer meu papel de amiga. Era disso que ele precisava. Uma amiga. Não uma garota apaixonada. E foi isso que eu fui. Uma amiga. Escutei tudo o que ele tinha pra dizer, vi ele chorar, escutei ele desabafar. O ajudei a se levantar. Foi uma conversa silenciosa a partir daí. Só o fato de eu estar ali já fazia bem pra ele, o que me deixou bem feliz, admito. Eu não tinha pressa. Nunca tive. Sabia que à hora certa ia chegar. Não importava o tempo que eu tivesse de esperar, eu sempre estaria ao lado dele.  Sempre.
Cinco anos se passaram desde então. Muita coisa aconteceu nesse tempo. Pra começar, Thiago foi campeão brasileiro de skate. Depois, montou uma banda, da qual ele era vocalista e guitarrista. Foi sucesso imediato na internet! Depois ele começou a frequentar a programação da MTV e começaram os shows. Ah é... E ele se apaixonou por mim!! (Claro que essa é a informação mais relevante de todas, pelo menos pra mim). Eis que o destino, enfim, o leva de volta pra aquela cidade na qual tudo começou.
Um mega show. Ia ser o maior em muitos anos na cidade. Passou em todos os canais. Todos sabiam do show! Inclusive duas patricinhas que eram as primeiras da fila pra comprar ingresso. Eu nem acreditei quando vi Flávia e Karina segurando fotos do Thiago. Elas que sempre o humilharam, agora babam por ele? Ironicamente hilário. Decidi não falar com elas. Um pouco mais atrás estava ela, Marcela. Ignorei-a também e segui meu caminho rumo aos bastidores.
Finalmente chegou o grande dia. Centenas de garotas enlouquecidas, dentre as quais reconheci Flávia e Karina, disputavam a tapa um lugar perto do palco. Eu ri muito daquela cena. No entanto, uma coisa me chamou a atenção. Marcela estava do outro lado, tentando entrar escondida nos bastidores. Fui até lá e fiz questão de permitir sua entrada. Eu só enrolei um pouquinho pra que ela entrasse após o início do show.
“O que você faz aqui, Marcela?”
“Eu... só queria me desculpar...”
“Se desculpar ou tentar voltar com ele agora que ele é famoso?”
“Não, eu...”
“Agora ele é bom o suficiente pra você? Agora você não tem mais vergonha dele?”
“Não é isso...”
“Você não mudou nada... ainda é uma víbora dissimulada, mas eu tenho novidades.”
“Não entendo aonde você quer chegar. Sei que você é amiga dele, mas isso é entre ele e eu.”
“Não mais amiga. É mesmo uma pena que você não tenha conseguido enxergar o quanto ele podia ser grande. É uma pena que você não tenha visto a alma boa e grandiosa que ele tem. É assim que termina a história. Nós somos mais que bons amigos.”
“Eu... não acredito...”
“Não? Escute a música. Eu o ajudei a compor. É sobre certa garota que ele conheceu e que o magoou, mas também é sobre outra garota que está sempre aqui pra ele, que está sempre nos bastidores cantando todas as músicas, que é sua maior fã desde sempre e que é o amor da vida dele. É sobre você e sobre mim. Acabou. É de mim que ele gosta.”
Ela chorou. Mas não acho que tenha sido por minha causa. Foi por causa da futilidade dela. Quem sabe agora ela se torne uma pessoa melhor. Torço pra ela encontrar o cara certo, como eu encontrei. Tá... Eu admito que jogar tudo aquilo na cara dela foi ótimo. Ela merecia. Mas vou parar por aqui. Não que a história esteja acabando, pelo contrário, minha história com o Thiago só está começando, o que está acabando é o show.